Natal da língua portuguesa! Dicas para iniciantes! 14/12/2020

Natal da língua portuguesa! Dicas para iniciantes! 14/12/2020

1)      Dica 1: Não compreendi muito bem a diferença de “onde” x “aonde” x “de onde”. Pode me explicar melhor?

 Na verdade, trata-se de como escrever o advérbio ou pronome relativo “onde”, sendo que, nas duas outras formas, precedido das preposições “a” (“aonde”) ou “de” (“de onde” ou “donde”).

 Quem determina a forma a ser usada é o verbo seguinte. Veja só:

 a)      “Onde você mora?” – “morar” rege “em”; quem mora mora em algum lugar; se a preposição é “em”; então, usa-se “onde”;

b)      “Aonde você vai?”  – “ir” rege “a”; quem vai vai a algum lugar; se a preposição é “a”; então, usa-se “aonde”;

c)      “De onde você vem?”  – “vir” rege “de”; quem vem vem de algum lugar; se a preposição é “de”; então, usa-se “de onde” ou “donde.

 Nesse caso, são advérbios interrogativos de lugar.

 Agora, veja-os iniciando orações substantivas, quando ainda são advérbios de lugar, podendo ser ou não interrogativos.

 d)      “Vimos onde você estava vivendo.” – “viver” rege “em”; quem vive vive em algum lugar; se a preposição é “em”; então, usa-se “onde”;

e)       “Perguntei aonde você ia com tanta pressa.” – “ir” rege “a”; quem vai vai a algum lugar; se a preposição é “a”; então, usa-se “aonde”;

f)       “Nunca se soube de onde saíram tais ideias loucas.” – “sair” rege “de”; quem sai sai de algum lugar; se a preposição é “de”; então, usa-se “de onde” ou “donde.

 Finalmente, vejamos quando estão no início de orações adjetivas, caso em que têm antecedentes, passando, assim, a ser pronomes relativos.

 g)      “Descobrimos a cidade onde você estava.” – “estar” rege “em”; quem está está em algum lugar; se a preposição é “em”; então, usa-se “onde”;

h)      Você não valorizou o lugar aonde chegou tão depressa.”  – “chegar” rege “a”; quem chega chega a algum lugar; se a preposição é “a”; então, usa-se “aonde”;

i)        “Esta é a região de onde se originou nossa família.” – “originar” rege “de”; quem se origina se origina de algum lugar; se a preposição é “de”; então, usa-se “de onde” ou “donde.

 2)      Dica 2: Em relação aos verbos “referir” e “referir-se”, qual das duas possibilidades pode receber o acento grave?

 “Referir” é sinônimo de “narrar”, e é transitivo direto:

 a)      “Machado referiu aquele episódio com mais humor.”

 “Referir-se” significa “fazer referência”, “ter relação com”; é transitivo indireto e rege preposição “a”:

 b)      “Nós nos referimos a uma obra de Machado.”

 Somente o segundo, que é pronominal e tem a preposição “a”, pode ter o acento grave, indicador da crase:

 c)       “Eles se referiram às duas ocorrências.”

d)      Os críticos se referem àquelas obras do autor brasileiro.

3)      Dica 3: No seguinte exemplo: “Todos tinham (haviam) resolvido a questão”. Você mencionou, professor, que é o particípio de tempos compostos. Minha pergunta é: seria um tempo composto do indicativo ou subjuntivo, ou de todos? Não compreendi muito bem.

O Indicativo tem quatro tempos compostos: pretérito perfeito, pretérito mais-que-perfeito, futuro do presente e futuro do pretérito. E o subjuntivo, três: pretérito perfeito, pretérito mais-que-perfeito e futuro.

Todos os tempos compostos, seja no indicativo ou no subjuntivo, se constroem com “ter ou haver + particípio”. Nesse caso, o particípio não varia. Veja os exemplos:

- no Indicativo:

a)       “Nós temos ou havemos falado sobre isso.” – pretérito perfeito composto (verbo auxiliar no presente + particípio invariável)

b)      “Ela tinha ou havia saído às dez horas.” – pretérito mais-que-perfeito composto (verbo auxiliar no pretérito imperfeito + particípio invariável)

c)       “Elas terão ou haverão chegado às dez horas.” – futuro do presente (verbo auxiliar no futuro do presente + particípio invariável)

d)      “Todos teriam ou haveriam perdido as explicações.” – futuro do pretérito (verbo auxiliar no futuro do pretérito + particípio invariável) 

- no Subjuntivo:

e)      “Espero que tenham ou hajam recebido minha mensagem.” – pretérito perfeito (verbo auxiliar no presente + particípio invariável)

f)        “Se tivessem ou houvessem dividido os conhecimentos, a prova seria mais fácil.” – pretérito mais-que-perfeito (verbo auxiliar no pretérito imperfeito + particípio invariável)

g)       “Quando você tiver ou houver esperado o presente, terá uma surpresa.” – futuro (verbo auxiliar no futuro + particípio invariável)

- Diferentemente de outros particípios, que podem variar em gênero e número:

a)       “Encontrada a falha, corrigiu-se o problema em segundos.” (em oração reduzida)

b)      “As casas foram invadidas pelas águas barrentas.” (na voz passiva)


Natal da língua portuguesa! Dicas para iniciantes! 7/12/2020

1) Dica 1: Há uma explicação para o diminutivo padrão de juiz ser “juizezinhos”?

A regra geral da flexão de número ensina que se deve acrescentar simplesmente um “s” à palavra desejada:

- bolo – bolos; pedra – pedras;

Nesse caso, o plural dos diminutivos não tem qualquer mudança:

- bolo => bolos / bolinho => bolinhos; pedra => pedras; pedrinha => pedrinhas;  

Veja que, nessa situação de diminutivo plural, não há mudança da regra; como não houve alteração, depois da consoante, acrescenta-se “-inhos/as”.

Num segundo caso, quando se acrescenta o “s”, há alterações na forma primitiva:

= animal – animais; papel – papéis; coração – corações; pão – pães; cruz – cruzes; mulher – mulheres; país – países; juiz, - juízes.

Nesse segundo caso, em que há plurais com alterações, obedece-se a uma regra específica, que diz o seguinte:

- na formação do plural dos diminutivos, usa-se a palavra original e passa-se para o plural, só depois é que se coloca a marca do diminutivo – inho/a, precedido da consoante de ligação “z”, antes do “s” final –, ou seja, entre a semivogal ou vogal final e o “s”:

- animal – animais => animaizinhos; papel – papéis => papeizinhos;

- coração – corações => coraçõezinhos; pão – pães => pãezinhos;

- cruz – cruzes => cruzezinhas; mulher – mulheres => mulherezinhas;

- país – países => paisezinhos; juiz, - juízes => juizezinhos.

 2) Dica 2: “Todo o/ toda a” x “todo /toda”: não entendi direito quando usar um ou outro

 Veja a diferença! “Todo o/ toda a”  equivale a “inteiro/a”, enquantotodo /toda” significa “qualquer”, ou ainda; se plural, “todos os / todas as”.

a)      “Todo o país deseja o progresso.” = “O país inteiro deseja o progresso.” – Estamos falando de um país só, mas dele inteiro.

b)      “Todo país deseja o progresso.” = “Qualquer país deseja o progresso.” – Estamos falando de vários países; equivale a “todos os países”.

c)      “Toda a turma reclama do professor.” = “A turma inteira reclama do professor.” – Estamos falando de uma turma só, mas dela inteira.

d)      “Toda turma reclama do professor.” = “Qualquer turma reclama do professor.” – Estamos falando de várias turmas, equivale a “todas as turmas”.

 3) Dica 3: Professor, uma dúvida surgiu em relação ao “não” usado como prefixo. Com a reforma, perdeu-se o hífen em todas as possibilidades de uso?

 Sim. Não se usa mais o hífen nesse caso.

Antigamente, havia uma diferença não explicada claramente, que ensinava existir o hífen em certas situações, diferenciando substantivos de adjetivos.

Isso acabou! Agora, é mais simples: o “não”, usado como prefixo, não admite o hífen!

Assim, escreve-se:

a)       “Indígenas não aculturados precisam ser preservados.”

b)      “Os não especialistas também precisam ser ouvidos.”


Natal da língua portuguesa! Dicas para iniciantes! 4/12/2020

Natal da língua portuguesa! Dicas para iniciantes! 4/12/2020

 

1) Dica 1: Só para ter certeza, a palavra sub-humano tem hífen, correto?

Pela regra, tem sim! Há, no entanto, uma curiosidade em relação a essa palavra. Ela era registrada nos dicionários assim: “subumano”, uma exceção, tanto que a pronúncia recomendada era “sub-u-ma-no”, com o “sub” falado em separado”. como se houvesse o hífen.

Com a reforma, recomenda-se a grafia “sub-humano”, privilegiando a regra da gramática e a pronúncia culta, apesar de o VOLP continuar registrando, ao lado dessa, a grafia antiga “subumano”

 2) Dica 2: Por que, professor, na palavra “rerratificação” dobrou o “r”?

O prefixo “re-“ já não admite o hífen.

Pela regra geral, ao se juntar um prefixo a uma palavra iniciada por “r” e “s”, essas letras dobram, para não alterar o som da consoante. Se o “s” não dobrasse, ficando entre vogais, teria o som de “/z/”, e o “r” não teria o som do “r” inicial ou do “/rr/”. Veja os exemplos:

- reabastecer; redefinir; reestruturar, reexploração, reunir, retardar... – todas sem hífen;

- ressignificar, ressentir, ressentimento, rerranger, rerratificar, rerratificação... – sem hífen e com o “r” e o “s” dobrados a fim de não alterar o som das consoantes originais.   

 3) Dica 3: Qual é a regra do prefixo “meio/meia”? Sempre haverá hífen?

Cuidado! “Meio/a” é uma palavra, não um prefixo. Assim, ao se juntar a outra palavra, enquadra-se na ideia de palavra composta criada, ou seja, aquela que tem um sentido figurado. Sendo uma palavra com nova identidade semântica, tem o hífen: é o caso de “meio-dia” e “meia-noite”, quando significam as horas determinadas. Veja a diferença:

- “Chegaremos ao meio-dia.” – uma hora determinada;

- “Fomos ao cinema na sessão da meia-noite. – hora determinada;

 - “Esperaremos meio dia por você.” – Esperarei durante a metade de um dia.

- “Com aquela notícia triste, fiquei meia noite acordado. –  Fiquei acordado cerca de metade da noite.   


Natal da língua portuguesa! Dicas para iniciantes!

1)      Dica 1: Como é a separação silábica de multiúso? Por que tem acento)

Normal, separa-se como se fala: “mul-ti-ú-so”. As novidades, que provocam certa surpresa, são o fim do hífen (escrevia-se: “multi-uso”) e a necessidade do acento gráfico, pois, agora, se trata de um encontro vocálico em que o “u”, segunda vogal do hiato, é tônico e se encontra sozinho na sílaba. É interessante que não apareça no nosso Vocabulário Ortográfico (VOLP/ABL), mas vocabulários nem sempre acompanham o surgimento de novas palavras. Para isso, existem as normas da gramática.

Acontece o mesmo com “reúso”. Algumas pessoas e muitos corretores ortográficos ainda insistem em considerar tal grafia errada. Não tem mais hífen e precisa do acento gráfico. Essa está registrada no VOLP/ABL.

 2)      Dica 2: Toda vez que houver o prefixo “CO-“, e a palavra seguinte começar por “h”, elas se unem e sempre “cairá” o “h”?

É verdade! Exemplos: “co” + “habitar” = “coabitar”; “co” + “habitação” = “coabitação”

Tal ausência do hífen e a queda do “h” já era algo comum na língua, ocorrendo desde antes da formação do vocabulário do português. Por exemplo: “coibir” vem de “co” + “hibere”, sendo esse um verbo do latim; “coonestar” vem de “co” + “honestare”, também um verbo latino. Também se nota em “coorte”, que vem de “co” + “hors, hortis”, que significa a décima parte de uma legião romana.

3)      Dica 3/ Curiosidade: O problema com esse prefixo “co-“, no Acordo Ortográfico de 2009, se refere a um fato curioso e que revela o caráter teimoso do nosso povo de origem latina. Escreveram, no texto do Acordo, que se devia usar “co-herdeiro” como exemplo de exceção à regra na grafia oficial. Porém, na edição do nosso Vocabulário Ortográfico (VOLP/ABL), a equipe de lexicógrafos, sob o comando do prof. Bechara, excluiu tal exceção e registrou “coerdeiro”, que, para nós, é, portanto, a grafia correta, pois é ela que aparece no VOLP..


A produção textual e o raciocínio linguístico 7

 Pausas equivalem a vírgulas?

 - Mestre, no enunciado abaixo, em vista de haver pausas, coloquei vírgulas após o pronome e os numerais (aqueles; primeiros; últimos). Essa possibilidade estaria correta?

 “Estes conceitos edificam; aqueles, destroem. Os primeiros, sobem pelo degrau da fama; enquanto os últimos, descem sem parar.”

 Resposta de acordo com “Curso on-line de Produção Textual!” do prof Ozanir Roberti:

Para muita gente, pausas significam vírgulas. Isso não é verdade! A recíproca, sim, é verdadeira. Vírgulas indicam pausas. Essas, porém, estão muito mal usadas, uma vez que separam os sujeitos dos seus verbos.

Ao falarmos, fazemos as pausas por uma questão de expressividade. Na língua escrita, as vírgulas marcariam um absurdo gramatical.

 A pontuação correta é:

 “Estes conceitos edificam; aqueles destroem. Os primeiros sobem pelo degrau da fama; enquanto os últimos descem sem parar.”

 Curso de Produção Textual do prof. Ozanir Roberti! Nova turma!

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